Brincadeira ou assédio? Saiba co de mo diferenciar uma coisa da outra

Brincadeira ou assédio no trabalho: será que você saberia identificar quando uma piada passa a ser um ato de desrespeito? O tom, a frequência e a intenção fazem toda a diferença.

No artigo de hoje, vamos explicar de forma clara a diferença entre brincadeira e assédio no trabalho e mostrar como lidar com esse tipo de situação com responsabilidade.

Boa leitura!

Qual a diferença entre brincadeira e assédio no trabalho?

Brincadeiras, quando saudáveis, têm um clima leve, descontraído e incluem todos de forma igualitária. Não expõem ninguém, não constrangem e são recebidas com naturalidade por todas as pessoas envolvidas.

Existe ali um acordo social: todo mundo entende que aquilo é só uma troca divertida, um momento de descontração no trabalho.

Já no caso do assédio no trabalho, a situação muda completamente. O que pode começar como uma “piada” vira uma forma de humilhar, diminuir ou constranger alguém.

A intenção deixa de ser leveza e vira controle, ridicularização ou abuso de poder.

E se o conteúdo da brincadeira tem conotação sexual ou desrespeita a intimidade de alguém, a situação pode configurar assédio sexual, outra forma grave de violência no trabalho.

Quer saber como identificar melhor essas situações?

Confira na tabela comparativa abaixo as diferenças entre brincadeira de mau gosto, assédio moral e assédio sexual no trabalho.

Brincadeira no ambiente de trabalho

• Fazer piadas sobre a aparência de um colega;
• Chamar alguém por apelidos constrangedores;
• Contar piadas preconceituosas em voz alta no escritório;
• “Zoar” um erro simples cometido por alguém na frente da equipe;
• Fingir que é “só uma brincadeira” mesmo após a pessoa dizer que não gostou;
• Imitar o sotaque, trejeito ou modo de falar de um colega como forma de brincadeira;
• Enviar memes ou figurinhas ofensivas em grupos de trabalho, mesmo após pedidos para parar;
• Fazer piadas repetitivas sobre a vida pessoal, como não ter filhos, estar solteiro(a), ou a forma como a pessoa se veste;
• Usar frases irônicas com frequência. Por exemplo: “Nossa, hoje você resolveu trabalhar, hein?”.

Assédio no trabalho

• Ignorar a presença da pessoa em reuniões e e-mails;
• Atribuir tarefas impossíveis ou inúteis como forma de punição velada;
• Gritar ou xingar o colaborador com frequência;
• Supervisionar de forma excessiva e desnecessária;
• Espalhar boatos sobre a vida pessoal ou profissional da vítima;
• Repreender em público de forma humilhante, mesmo por falhas pequenas;
• Fazer comentários sobre o corpo de um colega de trabalho;
• Convidar insistentemente alguém para sair, mesmo após recusa;
• Enviar mensagens com conteúdo sexual por e-mail ou WhatsApp corporativo;
• Encostar ou tocar sem consentimento;
• Sugerir benefícios no trabalho em troca de favores sexuais (chantagem sexual).

Em caso de assédio, como denunciar de forma anônima?

Se uma situação deixou de ser uma brincadeira para se tornar assédio moral no trabalho, é direito da vítima (ou de qualquer pessoa que presencie esse tipo de conduta) relatar o caso de forma segura e sem se expor.

Desde março de 2023, as empresas com CIPA são obrigadas a oferecer um Canal de Denúncias confidencial devido à Lei 14.457/2022, como a plataforma da Contato Seguro presente em mais de 3 mil organizações.

Veja como é simples:

1. Acesse o Canal de Denúncias da sua empresa, que pode estar disponível via site, aplicativo, WhatsApp ou telefone, se for da Contato Seguro;
2. Descreva o que aconteceu;
3. Anexe provas;
4. Acompanhe o caso pelo protocolo de atendimento.

A denúncia anônima é uma alternativa importante para proteger quem deseja agir com responsabilidade, mas teme as retaliações.

Acesse aqui o nosso conteúdo completo sobre como fazer uma denúncia anônima e continue se informando!

Em caso de brincadeiras de mau gosto, como agir?

Nem sempre quem faz uma brincadeira percebe que ultrapassou os limites. Por isso, quando uma situação causa desconforto, o primeiro passo é comunicar como você se sentiu.

De forma respeitosa, diga claramente que não se sentiu à vontade e que aquele comportamento não é apropriado no ambiente de trabalho. Às vezes, esse simples diálogo é o suficiente para que a atitude não se repita.

Se preferir, você também pode procurar o apoio de um colega de confiança ou da liderança para acompanhar a conversa.

Se as brincadeiras persistirem ou a situação for mais delicada, vale acionar o setor de Gente e Gestão ou o Canal de Denúncias da empresa para enviar o seu relato com segurança, sigilo e acolhimento emocional.

A importância de um ambiente de trabalho saudável

Ambientes saudáveis são aqueles em que há abertura para escutar as pessoas, trocas respeitosas, colaboração entre equipes e limites bem definidos.

Já em contextos tóxicos, é comum encontrar piadas ofensivas disfarçadas de “brincadeiras”, silenciamento de desconfortos e a normalização de atitudes que, aos poucos, minam a confiança no ambiente.

”Um ambiente de trabalho saudável é aquele em que o respeito não precisa ser exigido — ele já é a base das relações”, destaca o especialista em compliance Wagner Giovanini.

Segundo ele, empresas que investem no bem-estar emocional das equipes também colhem melhores resultados: “Quando as pessoas se sentem protegidas e ouvidas, elas produzem mais, se engajam mais e permanecem por mais tempo na empresa”.

Conclusão

Todo colaborador tem o direito fundamental de trabalhar em um ambiente seguro e respeitoso. Caso algo incomode ou ultrapasse limites, é importante que o colaborador se manifeste e deixe claro o que não é bem-vindo.

Falar sobre o que é inadequado é uma forma de descomplicar as relações e promover um ambiente mais saudável para todos à sua volta.

Continue acompanhando nosso blog e aprofunde seu conhecimento sobre práticas que ajudam a criar um local de trabalho mais seguro e acolhedor!